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Conteúdo acessível

  • Foto do escritor: Pmweb
    Pmweb
  • 8 de mai. de 2023
  • 4 min de leitura

Se essa pergunta faz parte do seu dia a dia no trabalho com redação ou relacionamento com o público, esse texto é para você. 


Ilustração Pmweb

Conteúdo acessível é aquele que passa a mensagem da sua marca para o maior número de pessoas possível de uma forma inclusiva e respeitosa. Em uma analogia prática, podemos pensar em exemplos comuns do dia a dia: uma calçada sem rampa de acesso, um semáforo sem sinal sonoro ou um discurso presidencial sem intérprete de libras. 


Mas o que fazer quando a comunicação também se torna uma barreira na busca por igualdade de condições e acesso à informação? Um texto, uma frase ou mesmo uma palavra podem ser a diferença entre uma pessoa se sentir incluída ou excluída, representada ou invisível. 


Segundo dados do Censo de 2010, coletados pelo IBGE, cerca de 24% da população brasileira convive com algum tipo de deficiência e são impedidas, em maior ou menor escala, de participar da sociedade de forma plena. O grande desafio, principalmente para redatores e designers que não possuem deficiência, é considerar um mundo para além do seu e buscar formas de tornar os conteúdos acessíveis. 


Se você está se perguntando como isso é possível, aqui vão cinco dicas fáceis de aplicar e que vão mudar a forma de comunicar a sua marca para o mundo. 


Afinal, como construir um conteúdo acessível? 


1- Incorpore a cultura da acessibilidade no seu dia a dia


Antes de fazer, é importante compreender o porquê de fazer. Abra espaço para que pessoas com deficiência compartilhem suas experiências, faça exercícios para detectar oportunidades nos materiais da marca, documente dicas e estratégias acessíveis para consulta sempre que necessário. 


É importante tornar a acessibilidade um modo de pensar e não apenas uma forma de transmitir conhecimento acerca da marca para seus clientes. Essa primeira dica é super básica, afinal, quanto mais você praticar, mais naturalmente esses conceitos encaixam na rotina.  


2- Comece eliminando alguns termos da comunicação


Como mencionamos anteriormente, algumas palavras e expressões podem ser a diferença entre uma pessoa se sentir incluída ou excluída, representada ou invisível. Adotar uma linguagem não discriminatória é o primeiro passo para tornar o conteúdo acessível. Confira como aplicar no dia a dia:


Na linguagem


Não associe a deficiência à doença: ela é vista como uma entre tantas características da diversidade humana.– Não usar a expressão “deficiente físico” para se referir a alguém com deficiência: o termo correto é “pessoa com deficiência”.– Não usar “X”, “@” ou “os/as” como linguagem pela equidade de gênero: esses recursos são incompatíveis com leitores de tela, o que compromete a leitura de pessoas que utilizam essas tecnologias assistivas.


Nas redes sociais


– Não utilize números no lugar de letras.– Evite intercalar letras minúsculas e maiúsculas em uma mesma palavra.– Não force a formatação de texto.– Evite criar figuras a partir de símbolos, como (o.o).– Em hashtags com diversas palavras, utilize letras maiúsculas no início de cada uma delas.– Evite o uso de fontes alternativas. 


Nos conteúdos


– Todo conteúdo digital não textual deve conter descrição da imagem.– Todo conteúdo em vídeo com texto falado deve possuir versão legendada.– Evite substituir palavras por emojis ou usá-los de forma repetida.– Os hiperlinks dentro dos textos devem indicar o destino do link.– Vá direto ao ponto e reúna as informações mais importantes em textos concisos.– Reflita sobre a necessidade de textos com senso de urgência, eles podem afetar pessoas que sofrem com síndrome do pânico.– Evite termos como “Corra”, “Espie aqui”, “Ver agora”, “Você vai enlouquecer”, “Veja isso”, “Na palma da mão” e demais palavras que possam excluir pessoas com deficiência


E, por fim, sempre se questione sobre a acessibilidade do conteúdo, leia, releia, peça ajuda e lembre-se: a troca de experiências é fundamental no processo, principalmente com quem vivencia as barreiras impostas pelo capacitismo – discriminação contra pessoas com deficiência. 


3- Linguagem neutra x linguagem inclusiva


Você deve estar se perguntando o porquê de recomendar o uso de palavras no plural, ao invés da utilização de novas grafias como amigxs, tod@s, todes. A resposta não é tão simples, mas passa por dois pontos importantes: 


1- Segundo pesquisa do IBOPE, cerca de 21% da população brasileira está entre a faixa considerada analfabeta e rudimentar. Outros 42% estão na faixa elementar de alfabetismo funcional. Ou seja, uma escrita complexa, com símbolos no lugar de letras, pode dificultar o entendimento.


2- O uso de X e @ para formar palavras cria barreiras para pessoas com deficiência visual que necessitam de leitores de tela. 


A utilização do “e” no final das palavras é uma alternativa a esse cenário, porém, essa substituição traz uma certa complexidade para pronomes possessivos, indefinidos, artigos definidos e indefinidos na produção de textos longos. 


Por isso, como já mencionamos acima, vale sempre evitar a definição de gênero nos textos, buscando alternativas de substituição dentro da língua portuguesa já estabelecida. 


4- Vá direto ao ponto com objetividade e clareza


Quando falamos em conteúdo acessível, o usuário deve ser, ainda mais, o foco da comunicação. Construções simples, termos claros e informações diretas são fundamentais para que todas as populações compreendam a mensagem e se sintam incluídas pela marca.


Nos subjects de e-mails, por exemplo, evite utilizar trocadilhos e brincadeiras quando a mensagem for importante, como um pedido cancelado ou entrega a caminho. Pessoas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) podem deixar essas informações passarem despercebidas, por não identificarem que se trata de algo relevante. 


É essencial tomar cuidado com o excesso de gatilhos nas comunicações ou incentivos exagerados. Imagine uma pessoa com Síndrome do Pânico lendo uma mensagem que diz “é agora ou nunca mais, compre imediatamente”. Lembre-se: o estado emocional dos usuários no momento de decisão da compra ou de executar uma ação sugerida interessa para as marcas. Além disso, o próprio relacionamento com os clientes pode ser comprometido nesses momentos.


A comunicação acessível é dever de todos os redatores, designers, diretores de arte e estrategistas das marcas. Atentar para que todos os públicos sejam acolhidos não é mais um diferencial do mercado, mas uma exigência de relacionamento. A cultura da inclusão precisa ser parte ativa do dia a dia de um time e não apenas algumas regras no momento de produzir textos. Uma equipe que pensa em acessibilidade produz conteúdos acessíveis.

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Escrito por: Kellen Dalbosco, Analista de Conteúdo na Pmweb.Jornalista formada pela Unisinos, possui experiência em reportagem, roteirização de vídeos, planejamento de conteúdo e redação para diferentes plataformas.

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